27 maio, 2007

O valor da vida ou uma questão de pele


Hoje nessa manhã de domingo faço um análise da vida muito a meu modo de pensar, é claro!
E estava a pensar no amigo Donizetti Adalto, que quando morreu cravejado de balas, estava eu morando em Curitiba, e não pude dar meu último adeus, próximo a seu corpo frio.
E quantas vezes pude abraçá-lo e cumprimentá-lo, sentindo os odores daqueles perfumes importados que ele tanto gostava.
E a clareza das griffes que ostentava sempre!
Na tarde de sábado deparo-me com a triste notícia, a ironia do destino, dando conta da situação delicada vivida pela jornalista Cinthia Lages, vítima de dengue hemorrágica.
Uma ironia do destino, por que até agora não ouvimos falar de uma personalidade vitimada da dengue hemorrágica.
Um sinal vermelho para as autoridades. Vermelho por que a imprensa, por si só, a começar pelo Meio Norte, abre espaço para o debate e o questionamento intensivo da dengue.
Nesse momento damos o devido valor à vida.
Que tem o seu valor.
Mas que para o ser humano, basta estar vivo, para viver situações constrangedoras, desanimadoras, delicadas.
E vemos que de nada adianta a etiqueta, as griffes, os odores em dólares, a moda, o luxo, o atendimento particular de clínicas e hospitais.
Ou o casebre, as vestimentas de propagandas de lojas ou de políticos, os trocados míseros, o atendimento lastimável pelo SUS.
Pois aqui vemos, que no fim todos são iguais.
Iguais pelas circunstâncias, pela visão de um Deus só.
O que vale, enquanto estamos vivos e no ar, é uma questão de pele.